As duas últimas semanas foram bastante intensas aqui em casa. E tudo começou durante o café da manhã de uma sexta-feira, quando cortei alguns pedacinhos de Polenguinho para o Apollo. Descobri que oferecer esse queijo para as crianças é uma tradição entre os meus familiares paternos. Uma bomba ótima de cálcio e proteína para quebrar o jejum de uma noite bem dormida na vida de um bebê de um ano e três meses. Ao lado do queijo, pedaços de manga e pão estavam dispostos no pratinho de silicone dele (um mini banquete, vai).

Tomei meu café, chequei os emails e, enquanto me atualizava nas redes sociais, percebi que o Apollo já estava satisfeito, não queria mais comer nem um grão. Um dos sinais de quando o bebê não quer mais comer é ele começar a jogar a comida no chão e espalhar pelo cadeirão com movimentos que dizem "CHEGA" com todas as letras. Imaginem a meleca que tal manifestação provoca, risos. Rapidamente entendi o recado e coloquei meu filho para brincar em seu cercadinho na sala. Minha aspiradora Brigitte, uma yorkshire de quase dois anos, logo entrou em ação para garantir que nenhum pedacinho de comida fosse esquecido no chão.
O dia foi acontecendo e eu comecei a perceber que minha sombrinha de estimação, a Brigitte, não estava mais me seguindo pela casa. Estava amoada em um cantinho, observando o tempo passar com as orelhas baixas e uma expressão triste. Pensei que pudesse estar sentindo falta de passear, já que as chuvas não estavam dando trégua. Pisquei e já estava na hora de dar banho e colocar o Apollo para dormir. Cadê Brigitte? Não existe a possibilidade de Brigitte não estar ao meu lado durante o banho do Popó. Faz parte da nossa rotina, religiosamente. It's our thing. Percebi então que alguma coisa séria estava rolando com ela.
Bebê mamado e posto no berço, era a hora do meu ritual noturno. Mal via a hora de deitar na cama e dormir a noite inteira. Eis que às 3am fui acordada não pela babá eletrônica, mas por Brigitte tentando vomitar insistentemente. Acordei meu marido e disse que ia levá-la ao hospital 24h que tem perto de casa. Chegando na clínica, Bri foi para a triagem seguida da internação. Eu fiquei na sala de espera, apavorada, imaginando o pior. Recebi uma prancheta transparente com uma caneta Bic presa por uma corrente na mesma. Junto, veio um bloco de quatro folhas e linhas em branco para eu escrever o que havia acontecido para a minha cachorra precisar de um pronto atendimento. Comecei então a escrever.
No meio da minha redação veterinária, percebi duas coisas: a primeira, o motivo pelo qual minha yorkshire estava passando mal - o tal do Polenguinho caçado no chão durante o café da manhã. Um veneno para os pets. A segunda coisa que percebi foi o garrancho que minha letra estava. Uma mistura de letra cursiva com letra de forma, vogais e consoantes comidas, um horror. Fiquei com vergonha de entregar a prancheta preenchida para a veterinária, mas pensei que ela poderia ser a única a compreender o que meus traços ali significavam. E foi assim, graças à minha yorkshire (que passa muitíssimo bem), que percebi que desaprendi a escrever à mão.
PS. Ok, perdoem o uso da hipérbole no título desse texto. Eu não desaprendi totalmente a escrever à mão... Mas que está pior do que letra de médico, ah está.
Love,
G.
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